Nº de Brotinhos Visitantes

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O PROGRAMA Nº 100 FOI UMA SURPRESA

No sábado 26/11/2011, foi ao ar a edição nº 100 do programa. Foi um programa totalmente diferente. Os titulares da Jovem Guarda estavam de folga e quem "tirou" o serviço foi o pessoal que regravou músicas da Jovem Guarda, fazendo uma justa homenagem àqueles que participaram do movimento. Após 99 sábados sem faltar, foi um descanso justo para os ídolos. Veja só quem participou desta homenagem substituindo com muita competência os titulares:
Paula Fernandes - Costumes
Fábio Jr - Esqueça
Adriana Calcagnoto - Devolva-me
Zé Renato - Coração de Papel
Skank - É Proibido Fumar
Rosana - Ciúme de Você
Adriana Partimpim - Gatinha Manhosa
Julio Iglesias - Sentado à Beira do Caminho
Leonardo - 120, 150, 200 Kms p/hora
Joana - Não Quero Ver Você Triste Assim
Caetano Veloso - Debaixo do Caracóis dos Seus Cabelos
Blitz - Biquini de Bolinha Amarelinha
Barão Vermelho - Pode Vir Quente Que Eu Estou Fervendo
Caetano Veloso e Erasmo Carlos - Quero Que Vá Tudo Pro Inferno
Topo Gigio - O Calhambeque
Paulo Ricardo - A Namorada
Os Originais do Samba - O Caderninho
Osvaldo Montenegro - Como é Grande o Meu Amor Por Você
Raça Negra - Feche Os Olhos
Maria Bethania - As Flores do Jardim da Nossa Casa
Adriana Calcagnoto - Por Isso Eu Corro Demais
Engenheiros do Hawaí - Era Um Garoto Que como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones
As Frenéticas - Se Você Pensa
J Quest - Se Você Pensa
Elis Regina - As Curvas da Estrada de Santos
Vanessa da Mata - Nossa Canção
Titãs - É Preciso Saber Viver

Foi feita uma homenagem àquela que por muito tempo foi a ouvinte nº 1: D. Alfaides.  

Teve a estréia do quadro "Retratos que o Tempo não Apaga".

Foi realmente um programa totalmente diferente, digno de ser a edição nº 100.

Infelizmente nem tudo foi alegria. Durante o programa recebi a notícia que minha tia Juraci havia falecido em torno das 16 horas. A "Jurinha", como era chamada por todos, estava temporariamente morando no Rio de Janeiro. Dedico este programa nº 100 a Jurinha, desejando que faça a sua passagem com muita paz e que siga o seu caminho em direção ao Pai Maior e que este a receba para que tenha o seu merecido descanso. Jurinha, você ficará para sempre em nossa memória.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

RETRATOS QUE O TEMPO NÃO APAGA

Era muito bom quando se sentia aquele calorão de não aguentar mais e se corria para a cozinha, se abria a "frigidaire" (que aportuguesado ou abrasileirado era "frigidér") e - tan, tan, tan, tan - lá dentro tinha uma jarra de "Q-suco" . Aquele refresco do pacotinho que tinha gosto de festa e dava 10 copos de prazer.
Se fazia até festa de aniversário de boneca (de brinquedo) com Q-suco e pão com manteiga, pois a música da propaganda dizia: "Q-suco tem gosto de festa, dá mais vontade de brincar". Mas isso era coisa das meninas.  Bem, o certo era que este refresco maravilhoso tinha os sabores de uva, laranja, morango, pêssego, abacaxi, acho que limão também. Me desculpe alguma fruta se a esqueci, mas depois surgiu o sabor morango/laranja. Tinha até musiquinha: "Q-suco agora tem novo sabo-or, morango-laranja bem juntos". Surgiram até imitações, mas Q-suco é inesquecível.

Mas os anos 60 não foi só Q-suco. Quando se sentia uma daquelas dores de cabeça, o indicado era tomar um "Fontol", uma "Cibalena"ou um "Melhoral" que resolvia. Dor de estômago então, nada melhor que um "Sonrisal" ou um "Alka-Seltzer". Quando se ia ao centro, o melhor era "pegar um bonde". Aquilo se ia trilho afora. O barulho era parecido com o trensurb. Era elétrico. Volta e meia o pantógrafo se soltava dos fios e fazia faísca. O fim da linha era lá na Riachuelo, perto da esquina com a Borges. Tinha as linhas: Teresópolis, Glória, Partenon, Azenha na Zona Sul e também as da zona norte, que não era o meu chão. Quando morei no bairro Menino Deus na Av. Getúlio Vargas, tinha o trólebus, um ônibus elétrico que não seguia trilho mas não podia se afastar dos fios. Passear de carro então, não tinha preço, tinha Simca, Aero Willis, Gordini , Dauphine, DKW e claro, ele não podia ser esquecido o "Fuca" (bem portoalegrês) que outros conhecem como fusca. As mulheres usavam corpinho (hoje conhecido como sutiã) e slack, que depois alargou a boca e virou pantalona (já na época dos hippies). Os homens usavam camisas volta ao mundo e calça de tergal (aquela que senta-levanta, senta-levanta e nunca amarrota). No frio do inverno nada melhor que um cobertor paraíba comprado nas "Casas Pernambucanas". Tinha até propaganda em preto e branco na TV, cuja música dizia: "Tá na hora de dormir. Não espere mamãe mandar. Um bom sono prá você e um alegre despertar".
São coisas que se perderam no tempo, mas não na memória. São lembranças agradáveis que marcaram sua época e valem a pena ser lembrados. 

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A OUVINTE NÚMERO UM.

Uma certa madrugada de sábado para domingo do mês de setembro de 2009, quando eu participava do programa "Expresso da meia-noite", ligou uma senhora que falou bastante ao telefone. Não lembro quem atendeu, mas pelo jeito ela era alguém bastante conhecida. Não demorou muito e ela ligou novamente. Desta vez deixaram para mim atender. Quando atendi dei boa noite e ela se identificou como Alfaides. Disse que estava gostando daquele programa e que estava deitada e às vezes cochilava mas deixava o rádio o tempo todo ligado. Que escutava o rádio das seis da manhã até à meia-noite e que tinha descoberto aquele programa novo que durava a noite toda. Perguntou sobre mim, depois despediu-se e falou que mais tarde ligaria.  Eu soube pelo pessoal que os comunicadores da rádio eram os seus ídolos e que ela havia confecionado uma toalha de rosto bordada com uma dedicatóra para "os seus ídolos", para eles usarem no banheiro da rádio.
Durante os quase dois meses de duração do programa que ia ao ar nas noites de sábado até o amanhecer de domingo, ela tornou a ligar. Conversava animadamente com quem atendesse o telefone e sempre pedia músicas do Elvis Presley, do Roberto Carlos e às vezes músicas variadas.
Quando o programa deixou de ir ao ar no final de outubro, me afastei da rádio por uns dois meses. Quando retornei com o programa da Jovem Guarda nos sábados à tarde, ela voltou a ligar. Conversava bastante, pedia músicas, perguntava pela família. Quando o telefone tocava no início do programa já se sabia quem era.
Um dia Dona Alfaides disse que iria no aniversário de quatro anos da rádio que seria no mês de março de 2010, e que teria a aportunidade de me conhecer. Falou que tinha convites para vender e me ofereceu um. Fiquei de comprar dela no local da festa. Aí então ela disse que não seria difícil identificá-la, pois ela estaria na entrada e que era a única pessoa que pintava o cabelo de branco.
Conheci-a na festa. Pessoa muito agradável e simpática. Um tempo depois ela visitou o programa acompanhada por um casal que é ouvinte assíduo. Conversamos no ar, logo nos despedimos e ela prometeu voltar.
Continuamos a conversar por telefone por mais alguns meses.
Em dezembro de 2010 nos encontramos novamente na festa de final de ano da rádio. Na oportunidade ela conheceu minha esposa e minha mãe.
Nos sábados seguintes ela ligava, como sempre, para pedir música e dizer que estava fazendo um tapete e um guardanapo para presentear minha esposa e minha mãe. Sempre falava isso. Dizia que ainda não havia terminado mas que um dia terminaria.
No mês de fevereiro ligou-me dizendo que iria fazer uma cirurgia. Fez um silêncio durante algum tempo, depois disse: vai dar tudo certo. Concordei com ela.
No sábado seguinte recebi um telefonema do mesmo casal que esteve com ela no programa. Me falaram que ela havia feito a cirurgia, mas que havia ocorrido um problema e que ela estava em coma.
Passado uma semana, não havia qualquer novidade. No meio de uma semana sintonizei a rádio pela internet e soube que dona Alfaides havia nos deixado. Custei a assimilar a notícia.
No programa seguinte, na abertura do programa, com a músca "Il Silêncio" ao fundo, falei: "Houve um tempo em que um aparelho de rádio era ligado às seis horas da manhã e só era desligado à meia-noite. Hoje, este aparelho de rádio está lá, no mais profundo silêncio".

sábado, 12 de novembro de 2011

HOJE É NA DOBRADINHA

Neste sábado, dia 12/11/2011, vem dobradinhas no programa. Duas músicas seguidas de cada cantor ou grupo. Roberto Carlos com Pega Ladrão e Não Precisas Chorar, Renato e Seus Blue Caps com Aprenda a me Conquistar e Até o Fim, Wanderléa com Um Quilo de Doce e Meu Desencanto, Jerry Adriani Não Tenho Ninguém e Devo Tudo a Você, Wanderley Cardoso com Abraça-me Forte e Amor e Ternura e mais outras que valem a pena escutar. Hoje tem a estréia da vinheta anunciando a edição nº 100 do programa que irá ao ar no dia 26 de novembro.
Só prá lembrar: é às 16 horas. Até mais.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

VEM AÍ O PROGRAMA Nº 100

Para quem nos acompanha desde janeiro de 2010, para quem nos acompanha há menos tempo, para quem nos ouve exporadicamente, e principalmente para aqueles que não perdem uma edição sequer do programa. Vem aí a edição nº 100 do programa "Jovem Guarda - Recordar é Viver". É no sábado 26 de novembro de 2011 às 16 horas. Ufa não foi fácil chegar até aqui. Quantas noites de pouco sono, quantas pesquisas, muitas descobertas de músicas novas (novas?), quantos amigos novos conquistados nestes quase dois anos, desde 02 de janeiro de 2010. É, mas vai estar muito especial a edição nº 100. Vai ter rock, música romântica, twist, histórias da jovem guarda, acontecimentos dos anos 60.
A partir do próximo sábado, 12/11/2011, vai ao ar a vinheta anunciando o programa nº 100.
Quem quiser mandar uma mensagem para ir ao ar no dia 26, pode enviar para o e-mail robertobahy@hotmail.com ou para o fone (51) 8203-9900, ou pode ligar para a rádio Fátima no horário do programa pelo fone (51) 3472-0006 que a ligação irá ao ar. Agradecemos a parceria dos nossos apoiadores culturais "Sollare Informática" e "Distribuidora São Pedro".
Quem quizer enviar um poema para ser declamado no dia, será bem vindo.
Roberto Bahy
Então não esqueçam dia 26-11-2011: edição nº 100 do programa "Jovem Guarda - Recordar é Viver".

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

MEXERICOS DA CANDINHA

A pagina que exibia semanalmente os "Mexericos da Candinha", talvez fosse o maior índice de leitura da revista do Rádio, publicação voltada a promover artista de cinema, rádio e televisão. A revista ganhara destaque no ápice da rádio Nacional, início dos anos 1950. Antes, portanto, da força da imagem televisiva no mundo. Dez anos depois a TV suplantaria o rádio em audiência e alcance midiático. O rock impulsionava segmentos inéditos de público, com personagens "rebeldes" fazendo contraponto ao elenco de cantores e atores idolatrados pelas "macacas-de-auditório"  - termo pejorativo dado às hordas de fãs histéricas que veneravam Paulo Gracindo, Linda Baptista, Ângela Maria, Caubi Peixoto, Marlene, Emilinha, Nelson Gonçalves e dezenas de outros medalhões da velha guarda.
          Os primórdios dos anos 1960 bagunçaram de vez o coreto. Primeiro a irrupção da bossa nova, em seguida, a histeria planetária provocada pelo Beatles e pelos Rolling Stones. Em momento musical simultâneo à chegada de Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa, o trio condutor da composição de figuras que integravam a jovem guarda. Tempos de ebulição visual, golpes políticos e alterações de comportamento. Editorialmente a revista do Rádio não poderia deter a marcha dos acontecimentos e tratou de modernizar suas pautas e reportagens com os "transviados" do show bizz nacional.
           Surge assim a renovação da seção "Mexericos da Candinha". Encomendada ao produtor artístico e compositor Carlos Imperial (1935-1992). Como alavanca promocional da mudança, Roberto Carlos grava e lança o rock "Mexericos da Candinha". Corria o ano de 1965 e estreava em São Paulo o programa "Jovem Guarda".
           Os "Mexericos" não tinham autoria fixa. Eram escritos por redatores da própria Revista do Rádio, a partir de informações passadas por gravadoras, produtoras de cinemas, bastidores de TV e, principalmente, pela lingua víperina dos Gossip Makers. Divulgar boatos e informações venenosas fazia parte do jogo. Roberto, Erasmo, Cidinha Campos, Imperial, Aerton Perlingeiro, o escritório do agente musical Marcos Lázaro: as "fontes" tinham origens diversas. fofocar é preciso, viver não é preciso.
            Zombava-se do penteado da atriz, arrasava-se o paletó do cantor estreante, entregava ao público os pares românticos recém-formados, atiçavam-se briguinhas, picuinhas e rixas, a figura da Candinha, devidamente incorporada ao visual dos anos 1960, realçava o canto superior da página. Lá estava ela, uma ilustração de mulher sirigaita de óculos-gatinhos, com a expressão de fofoqueiras em êxtase. Hoje os mexericos soam ingênuos, inócuos, datados. Mas para quem gosta de revirar bobagens do passado, são amostras saborosas de quando mudar a cor do cabelo, namorar galã ou usar calça boca-de-sino provocava pequenos escândalos.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A DITADURA E OS EXILADOS

Durante o regime militar, que durou de 1964 a 1985, além dos desaparecimentos, torturas e execuções, houveram, também, aqueles que eram banidos do país. Artistas e intelectuais que se manifestavam explicita ou implicitamente contra o regime, eram "convidados" a se retirarem do Brasil e obrigados a pedirem asilo político em outro país. Talvez por serem bastante conhecidos, não eram eliminados, pois poderia dar muito na vista. Geraldo Vandré compôs a música "Prá não dizer que não falei das flores", que quase diretamente sugere um movimento contra o regime.
A censura e sua tesoura, agiam impiedosamente nos cortes não só no lado musical mas no cultural de uma forma geral. Peças de teatro, filmes, novelas, espetáculos, nada escapava da ceifa da censura. Muitas músicas que continham duplo sentido, poderiam ser interpretadas de diversas formas.
 Caetano Veloso refugiou-se em Londres, local que foi seu exílio por algum tempo. Ele era uma das principais figuras do movimento da "Tropicália" que durante algum tempo rivalizou com o movimento "Jovem Guarda". Mas ao contrário dos outros integrantes do movimento da "Tropicália", Caetano acabou simpatizando com o movimento "Jovem Guarda".
Quem chamou a atenção de Caetano Veloso para a música de Roberto Carlos foi Maria Bethânia, sua irmã. O compositor seguiu o conselho da irmã, viu a "Jovem Guarda", e gostou. A partir daí começou a se afastar da MPB. Em julho de 1967, Caetano não participou da "passeata contra a guitarra elétrica", assistindo a manifestação de uma janela do hotel Danúbio, que seria transformado em QG do tropicalismo. Os caminhos entre Roberto Carlos e Caetano Veloso se entrecuzaram e quando Caetano estava exiliado em Londres, Roberto compôs "Debaixo dos caracóis dos seus cabelos". Na época ninguém percebeu o verdadeiro sentido da música, atribuindo-a a uma determinada musa. Mas após alguns anos, ficou bem claro que o alvo da música era a situação em que Caetano se encontrava no exílio.
O programa deste sábado, 05/11/2011, terá como primeira música, justamente "Debaixo dos caracóis dos seus cabelos" e se prestarmos atenção em sua letra conseguiremos captar a mensagem que Roberto Carlos quiz passar e que na época da ditadura militar passou despercebida.