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segunda-feira, 30 de abril de 2012

RETRATOS QUE O TEMPO NÃO APAGA II

Nos anos sessenta a televisão ainda era em preto e branco. As novelas eram ao vivo, os famosos tele teatros. Eu tenho até uma tia a Elma que era atriz de novelas. Seu nome artístico era "Suzi". E assim é chamada até hoje, eu é que teimo em chamá-la pelo nome verdadeiro. Era mora no Rio de Janeiro, consequencia de ter sido aero-moça da companhia aérea Cruzeiro do Sul (saudosa Cruzeiro) que depois foi engolida pela Varig.
Bom, mas eram muitas as propagandas que marcaram e muitas ficam na memória, tornando-se inesquecíveis. A propaganda dos cobertores Paraíba, que incentivavam as crianças a ir para a cama quando chegava a hora de dormir. Era como se fosse um aviso para as crianças se retirarem da sala, antes que aparecesse na tela aquela indesejável carteirinha da censura, limitando a idade para a programação a seguir. Os bonequinhos iam em direção ao quarto com uma vela ecesa em um píres e camisola e touca, cantando a música que dizia:

Tá na hora de dormir, não espere mamãe mandar. Um bom sono prá você e um alegre despertar.

A propaganda das Casas Pernambucanas era outra que ficou gravada na memória e está na ponta da língua. Era exibida principalmente no inverno. Era bem assim:

 Uma mulher perguntava ao ouvir uma batida na porta;

- Quem bate ?
- É o frio !
Aí ela cantava:
- Não adianta bater. Eu não deixo você entrar. As Casas Pernambucanas é que vão aquecer o meu lar.
 Vou comprar flanelas, lãs e cobertores eu vou comprar, nas casas Pernambucanas e nem vou sentir o inverno passar. Casas Pernambucanas !

As propagandas do fuca, chamado de fusca fora do Rio Grande do Sul , Toddy, Sonrisal, Biotonico Fontoura, Kolynos (o gosto da vitória). Eram muitas as propagandas que viraram inesquecíveis para quem vivenciou os anos sessenta.

Em Porto Alegre haviam duas estações de TV, a Piratini que era o canal 5 e a Gaúcha que era o canal 12, ambas no morro Santa Tereza. Em 1969 foi inaugurada a TV Difusora canal 10, no morro que fica no bairro Santo Antonio.

"O passado não reconhece o seu lugar, está sempre presente"
                                        Mário Quintana




sábado, 28 de abril de 2012

A MÚSICA E A CENSURA DA DITADURA MILITAR

Geraldo Vandré

Quando o golpe militar foi deflagrado em 1964, ironicamente o Brasil tinha na época os movimentos de bases políticos sociais mais organizados da sua história. Sindicatos, movimento estudantil, movimentos de trabalhadores do campo, movimento de base dos militares de esquerda dentro das forças armadas. Todos estavam engajados e articulados em entidades como a UNE (União Nacional dos Estudantes), o CGT (Comando Geral dos Trabalhadores), o PUA (Pacto da Unidade e Ação) e outros que tinham grande representatividade diante dos destinos políticos da nação. Com a implantação da ditadura, todas essas entidades foram asfixiadas, sendo extintas ou caindo na clandestinidade. Em 1968 os estudantes continuavam a ser os maiores inimigos do regime militar. Reprimidos em suas entidades, passaram a ter vóz através da música. A música Popular Brasileira, começa a atingir as grandes massas. Ousando a falar o que não era permitido à nação.

Diante das forças dos festivais da MPB, no final da década de sessenta, o regime militar vê-se ameaçado. Movimentos como a Tropicália, com a sua irreverência, mais de teor social-cultural do que político-engajado, passou a incomodar os militares. A censura passou a ser a melhor forma da ditadura combater as músicas de protesto e de cunho que pudesse extrapolar a moral da sociedade dominante e amiga do regime.

Com a promulgação do AI-5, em 1968, esta censura à arte institucionalizou-se. A MPB sofreu amputações de versos em várias de suas canções, isso quando não eram totalmente censuradas.

Para censurar a arte e suas vertentes, foi criada a Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP), por onde deveriam previamente, passarem todas as canções antes de serem executadas nos meios públicos. Esta censura prévia não obedecia a qualquer critério. Os censores poderiam vetar tanto por motivos políticos, ou de proteção à moral vigente, como por simplesmente não perceberem o que o autor queria dizer com o conteúdo. A censura além de cerceadora, era de uma imbecilidade jamais repetida na história cultural brasileira.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

O PETER FRAMPTON DE PORTO ALEGRE


Lá pelo final dos anos setenta eu e minha irmã Tânia trabalhávamos em uma empresa no centro de Porto Alegre. Para ir e voltar usávamos a linha de ônibus Intendente Azevedo. Como almoçávamos em casa, eram quatro viagens de ônibus todos os dias.
Conhecíamos quase todos os passageiros que também utilizavam a linha no mesmo horário. Da mesma forma, conhecíamos também os motoristas que já eram nossos amigos.
Certa vez apareceu um motorista novo, cabeludo, que à primeira vista me lembrou alguém. Não foi tão difícil lembrar com quem parecia. Sem dúvida era muito semelhante ao Peter Frampton. Alto, cabelos compridos e encaracolados e calça apertada, estilo de roqueiro. Dava a impressão que se alguém largasse uma guitarra em suas mãos, ele sairia tocando e cantando "show me the way" com a maior facilidade.
Naquela época o "verdadeiro" Peter Frampton, bombava com seu albúm "Frampton comes alive" e as músicas "Baby I love your way" e "Show me the way".
Certa vez em uma dessas viagens de ônibus o "Peter Frampton" de Porto Alegre, puxou assunto com a minha irmâ. Fato que se repetiu em outras viagens posteriores.
Naquela época os passageiros embarcavam pela porta de trás e desciam pela da frente. Mas conosco passou a ser diferente. O então amigo motorista com pinta de ídolo do rock, abria a porta da frente para entrarmos. Passamos assim a viajar de graça na linha Intendente Azevedo. Benefício que foi estendido aos amigos e colegas que nos acompanhavam.
Estudávamos à noite no colégio Protásio Alves. Certa vez estávamos esperando o ônibus na parada em frente ao centro comercial na avenida João Pessoa após a saída da aula. E não é que o ônibus que apareceu foi o do "Peter Frampton". Entramos em três pela porta da frente, pois nosso colega Júlio César usava a mesma linha e não se fez de rogado, entrou também e usufruiu do passe livre.
O fim da linha era na avenida Salgado Filho, no centro. Certa vez o Peter Frampton convidou minha irmã para tomar uma "´Cóca" numa lancheria próxima ao fim da linha. Minha irmã enrolou e não foi.
Com o passar do tempo, nosso artista (do volante) desapareceu e nunca mais se soube notícias dele. Concidiu com o fim da fase de auge do Frampton original. 

terça-feira, 10 de abril de 2012

BRIGITTE BARDOT A MUSA DOS ANOS 1960.

A atriz francesa Brigitte Bardot determinou de forma decisiva a imagem da mulher no final dos anos 1950 e início da década de 60. Era uma garota de aspecto natural com enorme sex appeal, misto de leviandade e ingenuidade. Com cabelos loiros despenteados, lábios carnudos e grandes olhos escuros, Brigitte encarnou perfeitamente a mistura fascinante da ninfeta com a femme fatale.
As suas iniciais B.B., que em francês, como em português, se lê "bebê" acentuavam ainda mais a imagem de garotinha.
B.B. popularizou as camisetas pretas, os vestidos leves e decotados e foi uma das primeiras a adotar o biquini nas praias. Seu sutiã com armação de arame, usado bem alto, virou mania; isso sem falar no xadrez Vichy, que ela usou em seu casamento e continua moderno até hoje. Sempre vinculado à figura de Bardot.
Foi ela a primeira atriz que ousou aparecer nos filmes sem meias, fato que inspirou muitas mulheres a abandonar este complemento no verão.
A sua sensualidade natural desbancou as loiras artificiais fabricadas em série como os clones de Marilyn Monroe.
La Bardot desbancou até Marilyn na preferência masculina. Ela parecia mais de carne e osso do que a similar "Made in USA". Mostrava o corpo sem pudor, contrariando o padrão de comportamento da época.
Mesmo usando pouca roupa na maioria dos filmes, Brigitte Bardot conseguiu influenciar toda uma geração, não só no visual, mas também na maneira de pensar.
Acima da moda e da tendência, Brigitte Bardot se conserva moderna por ter muitas coisas que lembram seu estilo pessoal. Exatamente como Jacqueline Kennedy, outro ícone da época, que deixou na sua maneira de vestir uma impressão digital do seu gosto pessoal. Qualquer tailleur comportado ou óculos grandes escuros e arredondados remetem à imagem da primeira-dama.
O raio-X mostra que o que é pessoal e intransferível será sempre elegante. Mesmo com o passar do tempo, o estilo de Brigitte não desatualizou nem no visual e nem no discurso. Ela é uma ativista e ferrenha inimiga do uso da pele animal pela moda e sempre que pode vem à público defender os animais.