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terça-feira, 25 de outubro de 2011

O INICIO DO ROCK NO BRASIL

Em meados de 1956, os jornais estampavam em suas páginas que jovens haviam quebrado o cine Rian em Copacabana, durante a exibição de ao Balanço das Horas (Rock Around the Clock) com Bill Haley and his Comets. Roberto Carlos, que já morava em Niterói, leu a matéria e, intrigado, foi assistir ao filme no cinema de seu bairro. Tinha apenas quinze anos.
                     Bati palmas como todos, mas não houve quebra-quebra

           Depois viria Elvis com Love Me Tender, e novas sensações povoaram o adolescente.


                     Eu sentia uma alegria, uma vontade de dançar e, principalmente, de cantar. Não de quebrar qualquer coisa, violência. As guitarras coloridas também me impressionaram muito.


                    Do outro lado da baía de Guanabara, na zona norte do Rio de Janeiro, morava um outro adolescente, também de quinze anos - Erasmo Esteves. Estudante do colégio Lafaiete, não conseguia passar do lº ano do curso científico, apesar de já ter estudado nos colégios Vera Cruz e Batista. Um dia escutando a música num rádio sintonizado no programa A hora da Broadway, pela primeira vez, ouviu um rock: Rock Around the Clock. Foi assim que o "capeta" despertou nele, e Erasmo começou a colecionar recortes de revistas, letras de músicas e fotos de todos os roqueiros da época.





                  








    Em 1956, a cantora Geny Martins já se apresentava no programa Espetáculos Tonelux, na TV Tupi, e passou a ser ouvida também no Programa Carlos Henrique, da rádio Mayrink Veiga. Vencendo a competição com várias outras cantoras, foi eleita a "Rainha dos músicos do Rio de Janeiro". como premio, foi contratada pela emissora, num hilário episódio em que não recebeu a coroa de sua antecessora. Em seguida, pela gravadora Todamérica, surgiu seu primeiro disco, um 78 rpm contendo Tarde Feliz (Bidu Reis) e Só Você (Cesar Cruz-Silvinha Drummond). Também atuava nas rádios Nacional e Tupi, e só não foi contratada pela gravadora Odeon porque seu diretor artístico, Aloísio de Oliveira, era namorado de Silvinha Telles, uma cantora "do mesmo naipe e diapasão" de Geny - seria concorrência direta.
                   
                     No final de 1956, na zona sul carioca, o jovem Paulo Ricardo Silvino, estava animado com a idéia de entrar seriamente para a música. Filho do compositor e humorista Silvino Neto - na época um sucesso absoluto do rádio - , e da professora de canto e piano, Nádia, cresceu em meio a artistas, e, por causa de seu pai, convivia com Orlando Silva, Cauby Peixoto, Ângela Maria, e a turma da rádio, Paulo Gracindo e Brandão Filho, com quem, anos mais tarde, trabalharia em programas humorísticos de televisão. Acompanhado pela mãe ao piano, começou a cantar músicas como Rosas de Maio e Felicidade, em exercícios em que aprendia a impostar a vóz.
                    Depois formou seu "conjunto de baile", com uma moçada que reunia Eumir Deodato (acordeom), Durval Ferreira (violão), Alfredinho (contrabaixo) e Fernando Costa (bateria). Ocasionalmente, Gilberto, ou melhor, Bebeto, tocava contrabaixo. Anos mais tarde, faria parte do Tamba Trio, grupo em que Silvino era crooner. Com apenas quinze anos, Eumir Deodato já fazia arranjos, e transitava entre o acordeom e o piano com desenvoltura. Silvino adorava cantar em inglês, e montava seu repertório a partir de um song book publicado pela rádio América, com letras dos anos 1930 até o final da década de 1950.
                    Finalmente o rock and roll ecoava no Brasil, e eles entraram na onda. No meio dos bailes tocavam um ou outro rock, como Long Tall Sally, Tutti Frutti. Nesses dias de rock, Silvino começou a desenvolver sua veia humorística. Tremia todo , tirava a calça e ficava de cuecas, "aquela loucura toda" que ele via no cinema, e imitava. O primeiro programa de rádio em que cantaram rock foi o de César de Alencar, na rádio Nacional. O grupo havia mudado um pouco, com Eumir Deodato ainda no acordeom, Zé Paulo no violão, Edivaldo no outro violão, Gilberto no contrabaixo e Fernando Costa na bateria. Cantaram duas músicas e o auditório veio abaixo. Silvino só faltou plantar bananeira com o microfone! Ao final, César de Alencar chamou o conjunto e a ele pelo nome, Paulo Ricardo, e, quando disse que era filho de Silvino Neto, ouve outra ovação.
           

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