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terça-feira, 18 de outubro de 2011

ROBERTO CARLOS E O TRAUMA DE SUA VIDA

Roberto Carlos criança

Jovem
Quando começou a cantar no rádio, Roberto Carlos já sofrera algum tempo o acidente cuja lembrança o acompanharia por toda a vida até o momento. Aos seis anos, teve a perna direita prensada pela roda de um trem. Socorrido por um homem que fez um garrote com seu paletó de linho, foi levado ao hospital, onde sofreu amputação na altura da parte superior da canela. Como a família não tinha recursos suficientes para a prótese, Roberto Carlos passou o restante da infância andando de muleta.
          Embora não fale publicamente sobre o acidente, Roberto Carlos aborda o tema em duas músicas do início dos anos 70 que se relacionam já a partir dos títulos. "O Divã" tem letra descritiva: "Relembro bem a festa, o apito / E na multidão um grito / O sangue no linho branco / A paz de quem carregava / Em seus braços quem chorava". Em "Traumas", a referência é mais sensorial: o "delírio da febre que ardia / no meu pequeno corpo que sofria / sem nada entender".
          O acidente o marcou - nem poderia ser de outro modo. Em "O Divã", ele próprio indica, de forma confessional, que o trauma de infância ainda o acompanha: "São problemas superados / Mas o meu passado vive / Em tudo que eu faço agora / Ele está no meu presente". E insiste no refrão: "Essas recordações me matam". Mas avaliar a intensidade do impacto que essa fatalidade significou para a sua vida, música e carreira é uma questão em aberto. Supõe-se que o acidente contribuiu para despertar em Roberto Carlos o interêsse pela música, "apartando-o de vez do futuro previsível para jovens de sua condição".


          Como quer que tudo isso tenha se processado na cabeça de Roberto Carlos, o fato é que a música logo se sobrepôs à dor. É uma metáfora dessa superação o fato de que, dos objetos que carregava naquela partida definitiva de Cachoeiro do Itapemirim, tenha sido o violão - e não as muletas, logo substituídas por uma prótese - que o acompanharia no Rio de Janeiro.
Roberto Carlos

Quase gravei a música "As Rosas não Choram", do Cartola, mas não fiz justamente por achar que elas falam.
(Roberto Carlos)


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