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domingo, 29 de julho de 2012

RETRATOS QUE O TEMPO NÃO APAGA VI


O BAIRRO AZENHA EM PORTO ALEGRE

A Azenha teve início quando Francisco Antônio da Silveira, um açoriano que chegou a Porto Alegre na metade do século XVIII, instalou-se na margem esquerda do arroio Dilúvio, nas proximidades do atual Hospital Ernesto Dornelles. A construção, neste local, por volta de 1760, de uma máquina para moer trigo — uma azenha — transformou Silveira no "Chico da Azenha" e batizou a região. Silveira converteu-se no primeiro plantador de trigo e fabricante de farinha de Porto Alegre.
Tendo em vista o desenvolvimento de suas atividades comerciais, o açoriano ergueu uma ponte sobre o arroio Dilúvio para viabilizar o tráfego entre as duas margens, a Ponte da Azenha. A estrada que se dirigia desta ponte até o atual Centro da cidade ficou conhecida como o Caminho da Azenha. Atualmente ela corresponde à Avenida João Pessoa e à Avenida da Azenha. A ponte de pedra da Azenha foi também local da primeira batalha entre revolucionários e legalistas na Guerra dos Farrapos, no dia 19 de setembro de 1835, com vitória dos farroupilhas que, no dia seguinte, tomariam a cidade.
Com o tempo, o bairro acabou por se desenvolver em direção à região sul da cidade. O processo de urbanização teve avanço a partir de 1870, quando um abaixo assinado de moradores solicitou ao poder público a instalação de lampiões nas ruas. Em 1905 teve início o trabalho de calçamento do antigo Caminho, já chamado de Rua da Azenha.
Na Azenha, até meados do século XX, existiam vários comércios populares, a maioria de imigrantes ou descendentes, como a padaria Esteves; a confeitaria do "seu" Cardoso; a alfaiataria Castel, cujo proprietário, Henrique Falk, era um judeu que fugiu dos pogroms na Ucrânia. Todos esses estabelecimentos ficavam próximos ao cinema Castelo.
Lá também ficava a antiga Rua Cabo Rocha, onde se concentravam os prostíbulos, muito visitados por turistas, principalmente pelos marinheiros que chegavam de navio na cidade. Nesta mesma rua também ficava o Cabaré do Galo, frequentado por Lupicínio Rodrigues, que lá compôs e cantava muitas de suas famosas canções de dor-de-cotevelo. A rua teve seu nome mudado e, atualmente, é a Rua Professor Freitas e Castro.
O bairro Azenha foi criado pela lei 2022 de 7 de dezembro de 1959 com os limites alterados pela lei 4685 de 21 de dezembro de 1979.

Av.Oscar Pereira com Azenha, ao fundo a lomba do cemitério na década de 1890

Av.Oscar Pereira com Azenha vista de outro ângulo
 
 
A ORIGEM DO NOME
 
O significado da palavra que deu origem a denominação do bairro Azenha – “moinho de roda movido à água; atafona” – vincula-se à atividade de moagem de trigo que foi iniciada na região em meados da metade do século XVIII, por iniciativa do açoriano Francisco Antônio da Silveira, que possuía extensas plantações junto aos altos do atual bairro. Conhecido popularmente como o “Chico da Azenha”, foi o primeiro plantador de trigo e fabricante de farinha de Porto Alegre e, para tanto, utilizou-se do trecho do Arroio Dilúvio, antigamente denominado como Arroio da Azenha, no represamento da água necessária para o funcionamento de seu moinho.


Mas, o Arroio que beneficiava o moinho, também colaborava para o isolamento de boa parte da região leste e sul da cidade. Assim, foi construída uma ponte de madeira que, até metade do século XX, passou por inúmeros reparos e substituições, em decorrência das enxurradas do Arroio. Apesar da precariedade de acesso ao bairro, a ponte era o modo de contato com a estrada do Mato Grosso que, mais tarde, ficou conhecida como Caminho da Azenha, bem como estabelecia o vínculo de Porto Alegre com a antiga capital, Viamão. A atual ponte, mais larga e mais sólida que as anteriores, foi iniciada em setembro de 1935 e concluída no ano seguinte pelo Intendente Alberto Bins.




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