O BAIRRO AZENHA EM PORTO ALEGRE
A Azenha teve início quando Francisco Antônio da Silveira, um açoriano que chegou a Porto Alegre na metade do século XVIII, instalou-se na margem esquerda do arroio Dilúvio, nas proximidades do atual Hospital Ernesto Dornelles. A construção, neste local, por volta de 1760, de uma máquina para moer trigo — uma azenha — transformou Silveira no "Chico da Azenha" e batizou a região. Silveira converteu-se no primeiro plantador de trigo e fabricante de farinha de Porto Alegre.
Tendo em vista o desenvolvimento de suas atividades comerciais, o açoriano ergueu uma ponte sobre o arroio Dilúvio para viabilizar o tráfego entre as duas margens, a Ponte da Azenha. A estrada que se dirigia desta ponte até o atual Centro da cidade ficou conhecida como o Caminho da Azenha. Atualmente ela corresponde à Avenida João Pessoa e à Avenida da Azenha. A ponte de pedra da Azenha foi também local da primeira batalha entre revolucionários e legalistas na Guerra dos Farrapos, no dia 19 de setembro de 1835, com vitória dos farroupilhas que, no dia seguinte, tomariam a cidade.
Com o tempo, o bairro acabou por se desenvolver em direção à região sul da cidade. O processo de urbanização teve avanço a partir de 1870, quando um abaixo assinado de moradores solicitou ao poder público a instalação de lampiões nas ruas. Em 1905 teve início o trabalho de calçamento do antigo Caminho, já chamado de Rua da Azenha.
Na Azenha, até meados do século XX, existiam vários comércios populares, a maioria de imigrantes ou descendentes, como a padaria Esteves; a confeitaria do "seu" Cardoso; a alfaiataria Castel, cujo proprietário, Henrique Falk, era um judeu que fugiu dos pogroms na Ucrânia. Todos esses estabelecimentos ficavam próximos ao cinema Castelo.
Lá também ficava a antiga Rua Cabo Rocha, onde se concentravam os prostíbulos, muito visitados por turistas, principalmente pelos marinheiros que chegavam de navio na cidade. Nesta mesma rua também ficava o Cabaré do Galo, frequentado por Lupicínio Rodrigues, que lá compôs e cantava muitas de suas famosas canções de dor-de-cotevelo. A rua teve seu nome mudado e, atualmente, é a Rua Professor Freitas e Castro.
O bairro Azenha foi criado pela lei 2022 de 7 de dezembro de 1959 com os limites alterados pela lei 4685 de 21 de dezembro de 1979.
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