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sábado, 28 de abril de 2012

A MÚSICA E A CENSURA DA DITADURA MILITAR

Geraldo Vandré

Quando o golpe militar foi deflagrado em 1964, ironicamente o Brasil tinha na época os movimentos de bases políticos sociais mais organizados da sua história. Sindicatos, movimento estudantil, movimentos de trabalhadores do campo, movimento de base dos militares de esquerda dentro das forças armadas. Todos estavam engajados e articulados em entidades como a UNE (União Nacional dos Estudantes), o CGT (Comando Geral dos Trabalhadores), o PUA (Pacto da Unidade e Ação) e outros que tinham grande representatividade diante dos destinos políticos da nação. Com a implantação da ditadura, todas essas entidades foram asfixiadas, sendo extintas ou caindo na clandestinidade. Em 1968 os estudantes continuavam a ser os maiores inimigos do regime militar. Reprimidos em suas entidades, passaram a ter vóz através da música. A música Popular Brasileira, começa a atingir as grandes massas. Ousando a falar o que não era permitido à nação.

Diante das forças dos festivais da MPB, no final da década de sessenta, o regime militar vê-se ameaçado. Movimentos como a Tropicália, com a sua irreverência, mais de teor social-cultural do que político-engajado, passou a incomodar os militares. A censura passou a ser a melhor forma da ditadura combater as músicas de protesto e de cunho que pudesse extrapolar a moral da sociedade dominante e amiga do regime.

Com a promulgação do AI-5, em 1968, esta censura à arte institucionalizou-se. A MPB sofreu amputações de versos em várias de suas canções, isso quando não eram totalmente censuradas.

Para censurar a arte e suas vertentes, foi criada a Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP), por onde deveriam previamente, passarem todas as canções antes de serem executadas nos meios públicos. Esta censura prévia não obedecia a qualquer critério. Os censores poderiam vetar tanto por motivos políticos, ou de proteção à moral vigente, como por simplesmente não perceberem o que o autor queria dizer com o conteúdo. A censura além de cerceadora, era de uma imbecilidade jamais repetida na história cultural brasileira.

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