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sábado, 13 de outubro de 2012

RUBENS PAIVA


Rubens Beyrodt Paiva nasceu em Santos em 26 de dezembro de 1929 — desaparecido em 20 de janeiro de 1971) foi um engenheiro civil e político brasileiro desaparecido durante o regime militar. Era filho de Jaime Almeida Paiva, advogado, fazendeiro do Vale do Ribeira e despachante do Porto de Santos, e de Araci Beyrodt.
Casou-se com Maria Lucrécia Eunice Facciolla nascida em 1929, com quem teve cinco filhos: Marcelo Rubens Paiva, escritor e jornalista, além de mais quatro filhas; Vera Silvia Facciolla Paiva (psicóloga e professora); Maria Eliana Facciolla Paiva (jornalista, editora de arte e professora); Ana Lucia Facciolla Paiva (matemática e empresária); e Maria Beatriz Facciolla Paiva (psicóloga e professora).
Formou-se em Engenharia Civil pela Universidade Mackenzie, em São Paulo, em 1954. Militou no movimento estudantil na campanha do "Petróleo é Nosso". Foi presidente do centro acadêmico e vice-presidente da UEE de São Paulo.

Carreira política

Sua vida política tomou impulso em outubro de 1962, quando foi eleito deputado federal por São Paulo, na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Assumiu o mandato em fevereiro do ano seguinte e participou da Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI, criada na Câmara dos Deputados para examinar as atividades do IPES-IBAD (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais – Instituto Brasileiro de Ação Democrática). A instituição financiava palestrantes e escritores que escreviam artigos avisando sobre a chamada "ameaça vermelha" no Brasil. Nas investigações da CPI, Rubens Paiva começou a descobrir os cheques que eram depositados nas contas de alguns militares.
Com o Golpe Militar de 1964, devido ao fato de ter participado da CPI do IBAD, teve seu mandato cassado no dia 10 de abril de 1964) editado no dia anterior (AI-1) pela junta militar que assumiu o poder a partir da deposição de João Goulart.

O exílio e a volta ao Brasil

Rubens Paiva se exilou na Iugoslávia e depois em Paris, França. Passados nove meses, iria para Buenos Aires, se encontrar com Jango e com Brizola, quando em uma escala do vôo no Rio de Janeiro disse à aeromoça que ia comprar cigarro, saiu do avião e pegou outro vôo para São Paulo, seguindo para a casa de sua família. Teria aparecido de surpresa, dizendo: "Entrei no Brasil, estou no Brasil, vou ficar no Brasil". Se mudaram então para o Rio de Janeiro e Rubens Paiva voltou a exercer a engenharia e cuidar de seus negócios, mas sempre fazendo contatos com os exilados.
Fundou com o editor Fernando Gasparian o Jornal de Debates e foi diretor do jornal Última Hora de São Paulo, até o mesmo ser vendido por Samuel Weiner ao Grupo Folha da Manhã, de Octavio Frias de Oliveira, que se expandia.
Depois de estar em visita em Santiago, Chile, para ajudar a filha de seu amigo Bocaiúva Cunha, Rubens Paiva voltou para o Brasil. Nisso, após a prisão das pessoas que traziam a carta para Rubens de Helena Bocayuva, antes implicada no sequestro do embaixador americano. Outras cartas trazidas pelas mesmas pessoas fizeram com que os agentes da repressão identificassem Rubens Paiva como contato de "Adriano", codinome de Carlos Alberto Muniz , que foi vice-prefeito da cidade do Rio de Janeiro, militante do MR-8 e contato de Lamarca, à época o homem mais procurado do país.

Prisão, desaparecimento e possível morte

Na esperança de prender "Adriano" e consequentemente chegar à Lamarca, sua casa no Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1971, foi invadida por pessoas armadas de metralhadoras que, sem apresentar qualquer mandado de prisão, se diziam da Aeronáutica. Teve tempo de se arrumar e saiu de terno e gravata, guiando o próprio carro, cuja recuperação posterior seria a prova de que fora preso, já que os órgãos de repressão se negavam a afirmar oficialmente tal ação.

 
Desde então Rubens Paiva foi dado como desaparecido. Segundo nota oficial dos órgãos de segurança, o carro que o conduziu dois dias depois da prisão ao Centro de Operações de Defesa Interna (CODI) teria sido abalroado e atacado por indivíduos desconhecidos que o teriam seqüestrado.
Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva, sua esposa, permaneceu durante doze dias incomunicável, após haver sido detida com sua filha Eliana, então com 15 anos, esta presa por 24 horas e solta no dia seguinte e deixada, na Praça Saens Peña, na Tijuca.
Eliana e Maria Lucrécia Eunice Paiva foram interrogadas na mesma sala em que as pessoas eram torturadas, tendo visto o pau-de-arara, sangue e o retrato do marido nas fichas de reconhecimento, além de ouvir os gritos dos torturados no DOI-Codi. Entre esse dia e o seguinte, Rubens Paiva foi transferido para o Destacamento de Operações Internas (DOI), situado no Quartel da Polícia do Exército, onde teria sido novamente torturado.
Rubens Paiva possivelmente morreu em seguida por causa dos ferimentos, e com o testemunho do médico do exército Amilcar Lobo. Anos depois, Amilcar Lobo, que na época era médico do DOI-Codi, declara em reportagem especial à revista Veja que o ex-deputado teria sido morto após sessões de tortura.
Em carta, ainda em 1971, ao Conselho de Defesa dos Direitos Humanos, com base em relato de testemunhas, Eunice Paiva afirmava que provavelmente seu marido começara a ser torturado no mesmo dia de sua prisão, durante o interrogatório realizado na III Zona Aérea, localizada junto ao aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, à época sob o comando do brigadeiro João Paulo Burnier
O brigadeiro Burnier é também acusado de matar Stuart Angel Jones, que teria sido obrigado a "fumar" um escapamento de jipe até morrer.
Rubens Paiva é reconhecido legalmente como morto, mas mesmo com a realização de escavações em locais em que possivelmente teria sido enterrado, seu corpo até hoje não foi encontrado.
Em 1996, após projeto de lei dos Desaparecidos enviado ao Congresso pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, foi entregue à viúva e família um atestado de óbito reconhecendo a sua morte.




 

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