Hoje, dia 22 de agosto, fazem 47 anos da estréia do programa "Jovem Guarda" que deu origem ao maior movimento da música brasileira de todos os tempos e iniciou uma revolução tanto na música quanto nos costumes dos jovens da época.
A TV Record levou a termo o projeto de criar um programa capaz de derrotar o Festival da Juventude, o líder de audiência da Excelsior desde 1964.
Às 16:30 do domingo 22 de agosto de 1965, foi ao ar o primeiro programa Jovem Guarda, ao vivo, do auditório da Record, na rua da Consolação.
A imprensa noticiou assim:
Vai ao ar o primeiro programa Jovem Guarda. Roberto Carlos arrumava seu microfone, e seus dedos exibiam anéis de ouro e jade. Após uma dose de San Raphael, diz algumas gírias, curva o tronco até a altura dos joelhos. O medalhão de ouro salta da camisa. Ele estica o braço e anuncia - "O Meu Amigo Erasmo Carlos!" Tinha início O Maior Show da Música Juvenil. Assim foi classificada a estréia do Jovem Guarda, sob o comando de Roberto Carlos. Das 16:30 até as 17:30, o público que superlotou o Teatro ficou aplaudindo, assobiando, cantando e berrando. Mas quem arrancou maior vibração da platéia foram Os Incríveis, que "mandaram brasa". Participaram do programa de estréia Tony Campello, Wanderléa, Rosemary, Ronnie Cord, The Jet Blacks, Erasmo Carlos e Prini Lorez.O público que assistia não passava dos 20 anos.
Jovem Guarda foi programa da TV Record, de São Paulo SP,
estreado em 22 de agosto de 1965 e findo em 1969, comandado por Roberto Carlos,
Erasmo Carlos e Wanderléia; mas tem sido comumente empregada para definir gênero
musical também conhecido como iê-iê-iê, seja, a versão brasileira do
rock internacional. A Jovem Guarda foi, entretanto, cristalização de uma
tendência bem anterior: a informação do rock’n’roll norte-americano da
década de 1950 já criara no Brasil um mercado de consumidores e aficionados,
permitindo que, desde 1957, os primeiros cantores e compositores brasileiros do
gênero tentassem reproduzir o ritmo com letras em português ou cantando no
original. Entre os maiores expoentes desse período estavam os irmãos Tony e
Celly Campelo, Sérgio Murilo, Ed Wilson e, em fase pouco posterior, Ronnie Cord
e os grupos The Jordans, The Jet Blacks e The Clevers. O trio central – Roberto
Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia – entrou em cena
justamente quando começava a se acentuar a queda de popularidade dos
primeiros artistas brasileiros do rock’n’roll. Em 1961, Celly Campelo
decidiu afastar-se da vida artística, enquanto as atenções se voltavam para a
bossa nova e, nos meios de comunicação, sobreviviam poucos espaços: o programa
Hoje é Dia de Rock, de Jair de Taumaturgo, na Radio Mayrink Veiga carioca; o
Clube do Rock, de Carlos Imperial, na TV-Rio, e Crush em Hi-Fi, na TV Record, de
São Paulo. Em discos, os sucessos rareavam: Marcianita, com Sérgio
Murilo, Diana, com Carlos Gonzaga. Roberto Carlos optou, então, por algum
tempo, pela bossa nova, mas Erasmo Carlos e Wanderléia decidiram insistir,
tentando divulgar um tipo de musica que, nessa época, já tinha muito de bolero e
samba-canção, misturado ao ritmo do rock’n’roll. No Rio de Janeiro, Ed
Wilson, Cleide Alves, Renato e seus Blue Caps também esperavam sua oportunidade.
Foi o repentino sucesso de um compositor e intérprete radicado em São Paulo que
abriu a brecha para o que seria a Jovem Guarda: em 1963, Ronnie Cord
conseguiu bons índices de venda e popularidade com o rock Rua
Augusta (de Hervê Cordovil), chamando a atenção do publico e dos homens
de media para as figuras de Roberto Carlos e
Erasmo Carlos, principalmente, autores de Parei na contramão. Em
seguida, É proibido fumar e Festa de arromba (da mesma dupla)
confirmaram a existência do mercado. Foi dessa música – onde os dois celebram
textualmente seus companheiros de vida artística e preferência musical – que
surgiu a idéia de um programa de televisão, concretizado pela TV Record
paulista, na época grande investidora em musica popular. Inicialmente o programa
deveria chamar-se Festa de Arromba e ocuparia uma hora ociosa, a tarde
de domingo, vaga desde a proibição de
transmissão dos jogos de futebol.
Com o nome
definitivo de Jovem Guarda, o programa foi ao ar pela primeira vez em setembro
de 1965, reunindo Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia, os cantores
Eduardo Araújo, Sérgio Murilo, Agnaldo Rayol, Reynaldo Rayol, Martinha, Cleide
Alves, Meyre Pavão, Rosemary e os grupos The Jordans, The Jet Blacks, Renato e
seus Blue Caps, Os Incríveis e Golden Boys. Rapidamente, a Jovem Guarda
tornou-se uma das grandes atrações da emissora, reunindo grandes platéias de
adolescentes no Teatro Record, mas foi a partir de 1966, com o grande sucesso de
Roberto Carlos e Erasmo Carlos Quero que vá tudo pro inferno, que o
programa tomou proporções nacionais e passou a ser sinônimo de movimento ou
tendência musical. Outros artistas se juntaram ao grupo inicial: Ronnie Von,
Vanusa, Deny e Dino, Leno e Lilian, Antônio Marcos, Os Vips, Os
Brasões, The Pops, entre outros. Seguindo o exemplo da Apple, promotora dos
Beatles, a agência de publicidade Magaldi, Maia & Prosperi passou a
coordenar industrialmente a imagem do trio central da Jovem Guarda, criando as
marcas Calhambeque, Tremendão e Ternurinha para uma série de produtos que ia de
bonecas a calças e blusas.
Vários compositores
de outras áreas começaram então a se interessar pelos ritmos da Jovem Guarda,
como Jorge Ben, que passou a freqüentar o programa, e os baianos Gilberto Gil e
Caetano Veloso, que, aconselhados pela cantora Maria Bethânia, incorporaram ao
seu trabalho elementos do iê-iê-iê, como as guitarras que acompanhavam
Domingo no parque e Alegria, alegria, no III FMPB, da TV Record, em
1967.
Segundo Erasmo
Carlos, foi justamente a Tropicália – movimento que Gil e Caetano fundaram nesse
período – uma das principais causas do esvaziamento da Jovem Guarda. "A
Tropicália – diz ele – era uma Jovem Guarda com consciência das coisas, e nos
deixou num branco total". Mas, antes de se extinguir totalmente no inicio de
1969, diluída pela superexposição ao consumo, pelo cansaço e esgotamento
criativo de seus participantes e pelos prejuízos que levaram Magaldi, Maia &
Prosperi a desistir dos esquemas comerciais, a Jovem Guarda deixou sua
contribuição, alimentando vários programas semelhantes na televisão, como a
Festa do Bolinha, de Jair de Taumaturgo, na TV-Rio carioca, e publicações
especializadas, como a revista Reis do iê-iê-iê, sucessora do que a
Revista do rock tinha sido para o rock’n’roll brasileiro na década de
1950. Além de projetar nacionalmente alguns de seus ídolos, o movimento foi em
grande parte responsável pela posterior assimilação de instrumentos eletrônicos
na musica brasileira de todas as tendências e pela fusão de informações
estrangeiras e dados nacionais que caracterizou a produção musical na década de
1970.
No inicio da década
seguinte, Léo Jaime, os Titãs, a Blitz e outros interpretes e grupos roqueiros
retomaram a musicalidade simples e direta da Jovem Guarda, constituindo a Nova
Jovem Guarda. Em 1995, remanescentes da Jovem Guarda se reuniram para comemorar
os 30 anos do movimento, gravando uma caixa de cinco CDs para a Polygram, onde
recriam os antigos sucessos, e fazendo uma serie de shows com êxito
nacional: Wanderléia, Erasmo Carlos, Ronnie Von, Bobby de Carlo, Os Vips, Os
Incríveis, Martinha, Leno e Lilian, Golden Boys e outros. Ainda em 1995, a
Paradoxx lançou dois CDs com vários artistas da Jovem Guarda, mas gravados ao
vivo, nos shows comemorativos; e, no ano seguinte, a revista Caras
colocou no mercado uma coleção de seis CDs e fascículos, contando a historia da
Jovem Guarda e com remasterizações das gravações originais.
Boa tarde. Vc seria capaz de identificar cada integrante desta foto???
ResponderExcluirSeria possível???
Obrigada, bela matéria.
Boa tarde. Vc seria capaz de identificar cada integrante desta foto???
ResponderExcluirSeria possível???
Obrigada, bela matéria.
Dancei na festa do bolinho de Jair de Taumaturgo. Queria ver fotos da epoca
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