Nº de Brotinhos Visitantes

sexta-feira, 18 de maio de 2012

NÃO PARECE, MAS FOI TUDO REAL

Ás vezes me parece que foi um sonho ter vivido aquele tempo. Mas

ele existiu e foi real.

Sim os anos sessenta e todas as suas lembranças, um dia foram

verdade.

Os Jet Blacks no rádio tocando Blue Star, como esquecer?

As imagens vem na memória.

O apito do trem manobrando na estação de um dia no ano de 1966

anoitecendo.

Os Beatles cantavam Eleanor Rigby acompanhados de um violino,

enquanto as crianças brincavam de esconder e tomavam Toddy.

O quépe verde de um militar que terminava seu serviço obedecendo as

ordens da ditadura.

Tempos difíceis. Tudo controlado. Vigiado. Cadê a liberdade?

Os casais namorando sob o contrôle do chá de pêra.

O afilhado pedindo a benção da madrinha

Os bailes de twist movimentando a sociedade.

Os desfiles patrióticos das escolas e do exército.

Ás vezes paro prá pensar. Será que tudo existiu mesmo?

É claro que sim. Mas é tudo tão remoto.

Quanta gente já se foi.

Quando imagino e lembro, parece que fui só um expectador.

Mas não. Eu estava lá.

E não era um mundo em preto e branco.

Era tão colorido quanto os dias de hoje pós ano dois mil.

Época maravilhosa.

Somente quem viveu neste tempo mágico, pode dizer:

Sim, os anos sessenta existiram.

E depois disso, nada mais foi parecido.

Roberto Bahy

quarta-feira, 16 de maio de 2012

RETRATOS QUE O TEMPO NÃO APAGA IV

A AVENIDA GETÚLIO VARGAS

Lá por volta de 1948, logo depois da Revolução Farroupilha, a Avenida José de Alencar, no arrabalde do Menino Deus, se chamava Rua Caxias. A Avenida Venâncio Aires era, então a Rua da Imperatriz. Eram vias recém-traçadas e abertas e careciam de uma ligação entre elas. Para isso foi concebida a Rua do Menino Deus, também chamada na época de estrada do Menino Deus, cuja largura foi fixada em cem palmos.

Acabou recebendo temporariamente o nome de Santa Teresa, por ser o caminho de acesso ao colégio de mesmo nome, fundado por Dom Pedro II e dona Teresa Cristina em 1846.

A rua era reta e plana, e o único obstáculo era um arroio sobre o qual foi construída uma ponte de madeira. Em 1873, começaram a circular por ela os bondes de tração animal.

Em 1903, depois de a ponte ter sido vítima de problemas a cada enchente,  foi construída outra, com estrutura de ferro e com 25 metros de vão.


Em 1888, como homenagem à abolição da escravatura, a via foi batizada de Rua 13 de Maio, em 1935, o nome foi mudado para Av. Getúlio Vargas. No princípio da década de 1940, o Arroio Dilúvio foi desviado e canalizado, e a ponte que existe hoje num nível um puco mais elevado, substitui a antiga que era de metal.

Década de 1890

Ano de 1918
Década de 1920

Década de 1940

Dias atuais
A igreja ao fundo em estilo moderno


Acima vemos uma sequência de fotos que mostram a evolução da avenida através do anos. Nota-se que a igreja aparece sempre ao fundo das fotos. Na década de 1890, na esquina da Rua José de Alencar com a Avenida Getúlio Vargas, em frente à igreja,  ficava o fim da linha do bonde de tração animal. Quando a linha foi eletrificada, o ponto final foi estendido até a esquina da Av. Praia de Belas indo pela José de  Alencar.




A Avenida vista a partir da igreja em direção ao centro



DUAS ÉPOCAS DA PONTE

















TRÓLEBUS - UMA HISTÓRIA À PARTE

    O sistema de transporte por trólebus na cidade de Porto Alegre, foi inaugurado em 1963, sendo adquiridos 4 trólebus do tipo Caio/Massari/FNM/Villares e 5 veículos do tipo Massari/Villares.

    A extensão do percurso atingiu apenas 10 Km de rede elétrica.

   Em cinco anos de funcionamento, houve apenas duas linhas de trólebus: Gasômetro e Menino Deus, transportando em média, respectivamente, 900 e 400 passageiros por dia, segundo dados da Companhia Carris Porto Alegrense, a mesma dos bondes.

    Sua desativação ocorreu em 1969.

   Grande parte dos equipamentos, assim como os trólebus Massari/Villares foram adquiridos e recuperados pelo sistema de Araraquara.





Quando vim com minha família de Uruguaiana, fomos morar na Av. Getúlio Vargas, próximo à esquina da Rua Botafogo. Nessa época eu tinha 3 anos de idade. Moramos por cerca de três ou quatro anos. Mas lembro de como era a  avenida com suas palmeiras no canteiro central, do trólebus passando e revezando-se com o bonde e da churrascaria Itabira. Lembro também do dia em que vi um amigo meu ser atropelado por um fusca.
Na minha opinião acho que deveriam ter mantido o nome da rua como 13 de Maio, justa homenagem à libertação dos escravos no País, e não homenagear uma pessoa que, por covardia, querendo passar-se por herói nacional, suicidou-se.




segunda-feira, 14 de maio de 2012

ROBERTO CARLOS E OS PRIMEIROS ANOS

Roberto Carlos
No início do ano de 1963, Roberto Carlos mudou-se com a família para a rua Pelotas, no bairro Lins de Vasconcelos no Rio. Logo matriculou-se em um curso de datilografia, pois tinha de arrumar um emprego para ajudar nas despesas. Mas a paixão pela música não havia desaparecido. Com apenas alguns dias de curso, Roberto estava tocando Tutti Frutti em uma das salas, quando um amigo chamou Otávio Terceiro, que também estudava datilografia, e era produtor do programa Teletur, da TV Tupi. Ele ouviu, gostou e levou Roberto Carlos para cantar a mesma música na TV.
           Seu pai não aprovou muito a sua inclinação para cantor, e somente concordou após pensar muito, com a condição de que ele não largasse os estudos. Mas a primeira experiência de Roberto com o Rock não o empolgou muito: estava "numas" de Dolores Duran, Tito Madi, etc.


Carlos Imperial
           Como sentiu não haver progresso após aquela apresentação, ele procurou Carlos Imperial, um jovem apresentador e promotor de eventos para a juventude. Tornaram-se amigos e Roberto passou a cantar no seu programa Clube do Rock, que era exibido dentro do Jacy Campos, na TV-Tupi do Rio.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

O BELO SIMCA CHAMBORD

Simca Chambord
Entre os carros que desfilavam pelos anos sessenta, sem dúvida o Simca Chambord foi um dos mais belos.
O simca Chambord foi produzido pela Simca francesa entre 1958 e 1961, desenvolvido a partir do Simca Versailles. Tal como este, imitava os automóveis estadunidenses da época.  Foi o primeiro automóvel de luxo fabricado no Brasil, a partir de 1959, tendo continuado a ser construído sob licença pela Simca do Brasil até 1967. O Chambord também marcou uma época por ser o veículo usado pelo ator Carlos Miranda, protagonista da popular série de TV "O Vigilante Rodoviário".

O Vigilante Rodoviário
Apesar de sua boa aparência o Chambord tinha o desempenho comprometido por um motor V8 fraco, o que lhe valeu o apelido jocoso de "O Belo Antônio" (bonito, mas impotente).

O Simca Présidence foi uma versão luxuosa do Simca Chambord. Tinha calotas do tipo aro de bicicleta (parecido com rodas de maserati), pneu estepe atrás do porta malas, cores exclusivas e bancos de couro. Foi lançado em 1965 com um  motor V8 Tufão de 110 hp, e no final de 1966 recebeu o motor V8 Emi-Sul de 140 hp.

Havia a versão perua (caminhonete) que era chamado de Simca Jangada, que hoje seria como uma SW.
Simca Jangada

Simca Chambord-Tufão
                                                   O simca tinha o apelido de rabo de peixe



Roberto Bahy
O PROGRAMA DE SÁBADO, 12/05/2012

    O programa deste sábado,   dia  12-05-2012,
será uma gravação,  em virtude de um compromisso que tenho. Formatura da minha filha mais nova Marcella,   que será graduada em Pedagogia pela Ulbra. Parabéns a ela.



segunda-feira, 7 de maio de 2012

RETRATOS QUE O TEMPO NÃO APAGA III

OS BONDES DE PORTO ALEGRE - ANOS 60

Quem andava pelas ruas de Porto Alegre até o ano de 1972, certamente conviveu com os bondes. Era comum usar o bonde como se usa o ônibus nos dias de hoje. Haviam linhas espalhadas pela cidade que se dirigiam para os bairros Teresópolis, Glória, Partenon, Auxiliadora, São João, Petrópolis, Azenha e outros. Uma mistura de história e poesia é a imagem que ficou. Saudades é o que restou.





Os bondes tinham quatro portas, que no início eram abertas e com o tempo foram colocadas portas tipo as dos ônibus, que fechavam. Não existiam roletas em seu interior e o cobrador passava de banco em banco para fazer seu serviço. Para avisar ao motorneiro que podia colocar o carro em movimento, o cobrador acionava uma espécie de matraca para dar o sinal. Os bancos eram de madeira e tinham o encosto reversível, que viravam de lado quando  o bonde chegava no fim da linha.

A cidade era menos perigosa e os meninos a partir dos sete anos já andavam sozinhos pela cidade, deslocando-se, é claro, de bonde.
Lembro que com nove anos eu já ía de Teresópolis ao Centro, usufruindo de um belo passeio de bonde.
Na esquina do colégio Venezuela, entre a Av. Niterói e a Travessa Viamão, havia o entroncamento entre os destinos da Glória e o de Teresópolis.  Muitas vezes passei por ali. Lembro quando ía com minha tia Delma e meus primos ver o tio Abrelino que estava internado no hospital São José do complexo da Santa Casa.

A garagem da Companhia Carris Portoalegrense, ficava na Av. João Pessoa em frente ao parque Farroupilha (mais conhecido como Parque da Redenção) próximo da esquina da rua Sarmento Leite e em sua frente era um emaranhado de trilhos.

Achei de extrema burrice do prefeito no ano de 1972, sr. Célio Marques Fernandes, retirar de circulação os bondes de Porto Alegre. Poderia ter modernizado e conservado o que hoje seria uma atração turística para nossa cidade, pois na Europa os bondes circulam de forma intensa como meio de transporte de massa. Outro dia vi num programa sobre Portugal, bondes semelhantes aos de Porto Alegre, o que me deu uma grande saudade.

Mas nem tudo está perdido. Vem aí o aeromóvel, que é uma versão moderna do bonde, com uma linha que vai da frente do aeroporto Salgado Filho até a estação Aeroporto do Trensurb.

sábado, 5 de maio de 2012

O MATA-BORRÃO

Uma das construções que deixavam a Porto Alegre da minha infância mais feliz e bonita era o mata-borrão, que ficava na Av. Borges de Medeiros com a rua Andrade Neves. Os mais Jovens nem sabem que existiu, outros esqueceram. Ele foi construído em 1958 para ser um local destinado a exposições e outros eventos, acabou sendo central telefônica enquanto era construído o prédio da CRT do outro lado da rua e, por razões que desconheço foi demolido no final dos anos 60. Em seu lugar foi construído o prédio perfeitamente comum da ex-Caixa Econômica Estadual (hoje "Tudo Fácil").
No prédio do mata-borrão, durante os dias da "Campanha da Legalidade",em 1961, funcionou a sede do Comitê de Resistência Democrática, um dos órgãos formados para defender a posse de João Goulart, o vice presidente do governo de Jânio Quadros, que renunciou ao mandato naquele ano. Servindo inclusive como local de alistamento para quem estivesse disposto a defender o movimento.

Naquele ano Jango era ameaçado de não assumir o cargo, por ser um político de centro-esquerda num momento em que o mundo vivia a chamada Guerra Fria entre o capitalismo e o comunismo.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

DUAS DUPLAS DE SUCESSO: OS VIPS E DENY E DINO

              
OS VIPS

Os irmãos Márcio e Ronald Antonucci, os Vips, eram muito divertidos e aproveitaram como poucos o sucesso que tiveram durante o período da Jovem Guarda. Aprontavam molecadas quando se apresentavam nos programas. Na Record continuaram aprontando novidades. Uma delas acabou estimulando o libido dos colegas: descobriram um furo na divisória de madeira que separava o camarim masculino do camarim feminino do pessoal do Jovem Guarda. Segundo se comentava na ocasião, o autor do "furo" foi o Jerry Adriani (com aquela cara de santo), que cobrava "pedágio" para a turma apreciar a paisagem. Mas ainda se achava que foram os Vips que fizeram o furo. Por ali, a rapaziada apreciava e transpirava vendo Wanderléa e outras divas trocar de roupa. Márcio e Ronald eram assediados pelas fãs onde quer que se apresentassem. Ronald era um pouco mais comportado, mais sério. Márcio era o galã da dupla e, portanto, o que mais namorava (inclusive fãs) . Depois ele se casou com a Lilian e tiveram uma filha. Mas a união deles não durou muito tempo.


 DENY E DINO
Deny e Dino tiveram na música "Coruja" seu primeiro e maior sucesso. Mas quase mudaram o nome da música por sugestão do Roberto Carlos. Antes dessa gravação, em fevereiro de 1966, eles já haviam apresentado a música em alguns programas de rádio e televisão. A aceitação do público foi muito boa, mas eles ainda não tinham tido a chance de se apresentar no Jovem Guarda. Através de Edy Silva, divulgadora do Roberto, marcaram um encontro no apartamento do cantor, na avenida São João, esquina com a Duque de Caxias, no centro de São Paulo. Ali, encontraram Jorge Ben, Tim Maia, Ed Carlos e o Erasmo. Deny e Dino cantaram a música e, após a apresentação, Roberto perguntou o nome dela. Quando o Deny disse que era Coruja, Roberto - já demonstrando as manias que o tornariam popular - não gostou. Sugeriu um nome mais positivo, alegre. Coruja lembrava coisa triste, azar. Com aquele nome, não faria sucesso. Só que eles gravaram com esse título e a música estourou nas paradas. Aí Roberto acabou convidando a dupla para se apresentar no Jovem Guarda.